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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Água rosa


"Por que você não vai embora?
Me deixe aqui e volte a viver tua vida!
Vidas de drogas e álcool!
Não é disso que você gosta?
Relações superficiais?
Pessoas que nem lembram de tua existência?"

Ela não suportava mais o esforço ignorado
A humilhação gratuita
O amor não reconhecido

Numa noite nublada de sábado
Ela entrou no banheiro para tomar banho
Nunca mais saiu
Estava escrito em seus olhos
Mas ele, com sua desatenção, não viu

A água rosa se esvaindo pelo ralo
E ela sorria

Se sentia livre
Finalmente estava livre.


Autoria: Bia de Alcântara (Twitter: @bbiaalcantara)

Veja também o link: http://a3naoda.blogspot.com/2016/01/por-monique-oliveira.html

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Interminável

Eu perdi meu caminho
Sorrisos não fazem parte da minha vida
Fome e solidão, fazem meu espírito chorar
Cada manhã é fria e triste

Andando para minha morte
Ninguém para me dar uma ajuda
Apenas um outro dia sem você...
Outra manhã andando nas ruas procurando alguém para me ajudar
Desde que você me chutou da sua pobre e otária vida

Hoje, o sol voltou, vejo duas almas vindo para mim
Estendendo suas mãos para mim
Dando mais amor do que eu nunca vi
Uma nova vida que vem com o sol da manhã
Felicidade por todo lugar
Eu achei tudo
Minha vida faz sentido

Por favor, deixe para trás a escuridão
Tente acreditar
Aqui não há mais maldade
Não há mais dor
Só há amor e boas canções


A vida é curta para perder tempo se escondendo de medos
Eu não posso morrer sem fazer você feliz.

Mas eu terminei o meu trabalho
Nos seus olhos eu vejo que a minha vida é interminável.

Por: Ageu Gomes (Twitter: @showcarrneiro)
Editado: Bia de Alcântara (Twitter: @bbiaalcantara)
A3NãoDá®

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Bipolar? Variação de humor?







Essas variações de humor são a parte mais chata dessa coisa toda de transtornos do inferno!

Num minuto, pura euforia e pulos de alegria.
No outro, a dor, as lágrimas e a saudade invadem a alma como um tsunami.
O que sobra?
Bom... quase nada. Alguns destroços de uma mente confusa e perdida.
Os pensamentos se perdem, o ar falta e o choro não cessa.
É  como se a tristeza de repente fosse a única coisa concreta, e de tão forte, parece palpável.
Quando isso vai acabar, meu Deus?
E aí eu ouço: isso é normal!
Não!  Eu não quero que isso seja normal! Eu quero que o normal seja o normal de verdade, de todo mundo.
Eu não quero como uma criança de cinco anos só porque minha mãe voltou pra casa dela!
Onde eu errei? Eu estava pulando de alegria há 10 minutos. E agora estou me afogando nas minhas próprias lágrimas.
Por quê?
Não aguento mais isso.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Nasci na favela sim!!!







Sim, eu nasci e cresci na favela e não tenho vergonha disso. Aprendi desde cedo que favelado, não é quem mora na favela, que existe muita gente que sempre morou em seus apartamentos e não sabem falar como uma pessoa civilizada, que grita, berra, xinga alto,...isso pra mim é ser favelado. As pessoas menos afortunadas sabem o valor que cada coisa tem e dão muito mais valor. Você já foi na casa de uma pessoa mais "humilde" e de uma que tem "posses"? A mais humilde trata tudo com muito mais esmero que a outra.

Meu pai veio do nada, com 18 anos resolveu sair na casa do pais na Paraíba porque não aguentava mais as dificuldades que passava por lá e veio com a meta de "subir na vida". Chegou em São Paulo e não tinha nenhum casaco pra usar, chegou logo no inverno, ele conta que sofreu no frio até um senhor que o conhecia lhe dar dois casacos velhinhos. Ele nunca ficou tão agradecido...Mas não aguentou ficar mais de um ano em SP, muito frio, conta ele. Foi pro Rio de Janeiro, trabalhou em supermercados,...Foi aí que ele conheceu minha mãe, outra que tinha saído nova de casa (em Minas Gerais), saiu pra trabalhar em "casa de família", morava aonde trabalhava, já que não tinha aonde morar. Trabalhou até na casa de um jogador de futebol do Fluminense, não me lembro o nome.

Resolveram morar juntos logo quando meu pai conseguiu um trabalho numa multinacional. Na época, não pediam faculdade ainda, tinha que fazer uma prova. Ele agarrou esse trabalho com todas as forças e lá se vão mais de 35 anos de empresa.

Minha mãe continuava trabalhando limpando a casa dos outros, fazendo unhas e costuras. (Hoje já não limpa casa dos outros, mas continua com a unhas e as costuras, é algo que ela gosta!).

Quando eu nasci, vivíamos no fundo das casa de uma senhora, uma escadaria enorme(que parecia  a escadaria da igreja da Penha! Hahahaha). Mas logo nos mudamos para uma quitinete alugada, na favela. Quando eu tinha 6 anos, nos mudamos para nossa primeira casa. Meu pai tinha conseguido juntar dinheiro pra comprar uma casa, mas quando ele estava fechando o negócio, o Collor travou todas as contas. Sorte que o dono da casa era conhecido do meu pai e aceitou como parte a televisão, que havíamos ganhado, do trabalho do meu pai (primeira TV colorida que tínhamos) e o ar condicionado recém comprado.

Lembro de coisas que meus pais nem devem imaginar! Lembro da minha mãe me deixando na escola e pedindo pra moça da cantina me dar o lanche que na volta ela daria o dinheiro. Saía batendo nas portas das casas aonde ela costumava limpar pra saber se iam querer limpeza no dia pra ela poder me buscar na escola com o dinheiro do lanche na mão. Quando ela ia me buscar, a maçã que ela tinha levado como almoço, ela me dava quando eu dizia que estava com fome...

Apesar da minha mãe nunca ter deixado de trabalhar, ela nunca me deixou com "estranhos" pra sair ou se divertir. Eu sempre estive em primeiro lugar (junto com meu pai, óbvio ...e até meu irmão nascer, depois perdi o posto! Hahahaha). Família em primeiro lugar, eu aprendi assim, porque meus pais me ensinaram assim. Minha mãe trabalhava sim e o tempo que ela tinha de folga, era gasto comigo!

Eu indo ao parque, eu andando de bicicleta, eu indo à praia (sim, eu ía à praia), eu indo brincar na casa dos primos,...Sempre com papai ou mamãe ou papai e mamãe! Só me deixaram começar ir a escola sozinha porque meu irmão nasceu (porque enquanto minha mãe tava com ele na barriga, ela continuava me levando e me buscando mesmo eu dizendo que não precisava).

Apesar de todas as dificuldades, meus pais nunca me deixaram estudar em escola pública, o que não teria problema nenhum, mas nós sabemos como existe preconceito com o estudo público no Brasil.

Quando fiz 16 anos, meu pai realizou o sonho dele: Ter uma casa própria fora da favela.

Eu lembro que as vezes, eu via meu pai olhando pela porta com uma cara de tristeza e dizia: "A gente ainda vai sair desse lugar!". Eu não tenho preconceito, ele não tem preconceito, nossa família quase toda ainda mora na favela, mas esse sempre foi o sonho dele, ele trabalhava pra isso! Passava fim de semana descarregando navio pra ganhar um dinheiro a mais! Ele mereceu!!!

Mesmo com a casa própria, carro zero,...Ele nunca perdeu o hábito de economizar. "Não sabemos o dia de amanhã" dizia ele. "Melhor ter sobrando do que faltar".
As vezes eu achava que ele estava exagerando na economia e até brigava!

Acabei me casando e me mudei de estado, morava de aluguel. Meu pai vendo a dificuldade, resolveu comprar um apartamento aqui pra eu poder ficar mais tranquila. Não pagou a vista, deu uma boa entrada e parcelou o resto, o preço da parcela é o preço de um aluguel, mas tem um fim, é nosso!!! (o q é do meu pai, é meu! Hahahaha)

Hoje eu vejo sentido pra tudo que ele fez, hoje eu vejo tudo que meus pais fizeram por mim, hoje eu tenho orgulho de tudo, de todas as vezes que ele me negou algo. E me arrependo por não ter dado valor desde o começo, mas com a responsabilidade, vem a maturidade, e vem a consciência (para algumas pessoas não chegam nunca!)!

Então se você acha que me ofende falando sobre eu ter vindo da favela, não me ofende não! Porque eu sei como é subir na vida e o q é ter dificuldade, você não! Tá aprendendo agora, o que eu acho que é a maneira mais difícil, porque a hora de ficar debaixo das asas dos pais já foi...

Não seja asnático, tire teus antolhos e olhos para o mundo!

Paz & Luz!!!

Texto:  Bia de Alcântara (Twitter @bbiaalcantara)
A3NaoDa®

Todos os direitos reservados. ®

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Como você lida com mudanças em geral?



Há sempre um ponto de partida, algo se quebra e decidimos mudar.

Refletimos sobre o fracasso a mágoa ou a indecisão que nos levou a cair e então assumimos uma postura radiante e confiante na fé que alterará nosso comportamento, ou o que cremos nos levará a um futuro melhor.

O que não pensamos é se mudar realmente é preciso, se o caminho escolhido realmente foi errado, se de fato nossa postura era inadequada.

Há momentos na vida em que derrotas acontecem independente do quanto lutamos.

Relacionamentos acabam, empregos se vão e a tristeza aparece sem motivo.

Momentos que antes de querermos nos transformar e nos livrar do que em nós parece ser o motivo de todo mal, devemos nos analisar e encontrar o que temos de bom, o que podemos usar pra nos reerguer.

Sentimentos, atitudes, gostos ou crenças que julgamos ruins podem ser o melhor que existe em nós; e mudar em um momento ruim nunca será algo racional. De fato querer melhorar e evoluir deve ser uma constante na vida de todos, mas a análise deve ser feita em momentos estáveis quando tudo parece em um caminho tranquilo. Assim, a reflexão sempre será mais difícil pois precisaremos realmente entender quais características nos levaram a cada lugar sem deixar que a emoção de um destino influencie nosso julgamento.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Você sabe o que é escrever?



Escrever é uma droga. Ou melhor, é como uma droga.
Um vício que começa com a curiosidade.Você experimenta uma vez, depois outra, e quando se dá conta, vira uma necessidade pra aliviar suas dores.
Quando se dá conta não consegue mais não fazê-lo.
É um caminho sem volta.

Seus demônios se alimentam das palavras que saem da sua alma, se fortalecem dos seus pensamentos.
Eles precisam de cada frase que seus dedos podem formar.
Sofrem de abstinência quando a ausência de cada letra cresce dentro de você.
E tudo que se pode fazer é escrever.

Escrever desesperadamente.
Escrever como se as linhas não tivessem começo e fim.
Escrever até que o papel se rasgue, até que as teclas soltem.
Escrever até que a mente esvazie e reste o silêncio.

Um doente precisa de remédio pra curar sua enfermidade.
Eu preciso escrever.
Nós precisamos escrever.

Texto: Monique Oliveira
A3NãoDá®

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Conto da vida real

"Pára o carro!" - Gritei

Eu não queria permanecer nem mais um segundo naquele veículo.
Desci sem olhar pra trás e fui caminhando até a tabacaria mais próxima.
"Um maço de ... e o isqueiro mais barato, por favor." - Falei com uma voz serena como se a raiva não estivesse me corroendo.

Eu não fumava há semanas, havia decidido parar de fumar e não estava me fazendo falta.
Saí da loja já abrindo a embalagem do maldito, coloquei o cigarro na boca, o acendi, pensei que ele faria descer o choro que estava preso em minha garganta.
Não senti a sensação de alívio quando eu sentia ao fumar nervosa. Na verdade, não senti nada além de uma fumaça entrando e saindo do meu organismo e o cheiro desagradável, quase que insuportável, mesmo para minhas narinas, que sempre estavam entupidas pela minha eterna rinite alérgica.

Pensei que caminhar poderia me tranquilizar, decidi ir andando até em casa. Estava escuro, já passava das oito da noite, em plena segunda-feira, ruas quase vazias, pessoas com olhares suspeitos me olhavam. Sensação de que eu poderia ser assaltada a qualquer momento.
Resolvi acender outro cigarro, mas dessa vez coloquei várias balinhas de hortelã na boca para tentar disfarçar o quão horrível é o gosto desse veneno. A cada tragada era uma balinha a mais que eu enfiava goela abaixo.

Cheguei no portão de casa depois de uma hora de caminhada, as duas poodles brancas, que sempre me receberam com alegria na chegada, não fizeram diferente, mas eu fiz, as ignorei. Subi as escadas, a luz da lavanderia estava acesa. Entrei pela sala, ele estava no final do corredor, na copa, ao meu olhar, eu o ignorei. Aprendi com maestria a arte de ignorar.
Tomei um banho, água fria. Fazia muito calor e eu precisava desse choque térmico. Fiquei recebendo aquela água fria na cabeça sem me mover por algum tempo.
Voltei ao meu quarto, esperei todos dormirem, fui até a cozinha para comer algo: arroz e feijão, nada mais que isso.

Deitei na cama, liguei o ar condicionado, o calor era extremo... talvez fosse somente o calor dos meus sentimentos. Rodei na cama por horas.
Um despertador alheio tocou, já passava das 4 horas da manhã.

Dormi.

Texto:  Bia de Alcântara (Twitter @bbiaalcantara)
A3NaoDa®

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