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domingo, 17 de julho de 2016

Courtney

Percebi que Courtney estava meio triste quando chegou em casa.

Perguntei o que ela tinha e ela me disse:
“Estou meio chateada por que soube que agora voce só vai nos mesmos lugares e os outros, mais antigos, me disseram que antes você os levava em vários lugares diferentes. Muitos contam que sempre viam os arcos gigantes, um lugar com com paralelepípedos felizes e cheios de histórias para contar. E também me disseram que hoje você não vai mais a esses lugares. Por que não? Eu queria ter as mesmas histórias que eles têm!”

Então eu expliquei a Courtney que infelizmente não vivemos mais naquele lugar, que ali era a cidade aonde eu havia nascido, mas que hoje, eu havia escolhido viver aqui, aonde ela está começando a conhecer.
Contei que antes tudo era mais simples, que os sonhos eram menores, que tudo era mais tranquilo.
Mas também a expliquei que hoje nessa nova cidade, nesse novo lugar, ela também estava conhecendo uma Bianca que os antigos não conheceram na época.
Uma Bianca mais decidida, que não se contenta mais com pouco, como antes.

Courtney pareceu gostar do que ouviu e disse:
“Então eu estou conhecendo o melhor da tua história? Enquanto os antigos conhecem bem as histórias dos outros?”

Eu somente aquiesci com a cabeça.

Ela sorriu e disse:
“Já não me importo de ir aos mesmos lugares, agora sei que estou fazendo parte de uma nova história!”

E quando estava quase dormindo, ela disse:

“Vamos descansar que amanhã é dia de um mesmo caminho para sonhos novos.”


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Nossos Dias

Ate onde irei sem saber pra onde vou?
Ate quando sentirei o que não sei ao certo?
Quando foi que deixei o silencio me guiar?
Sei que estou prosseguindo.
Sei que não posso desistir.
O vazio pode ser necessário pra recomeçar.
A dor mantem minha sanidade
Enquanto a falta me diz que é adiante.
Quanto mais terei de mudar pra me encontrar?
Quanto de mim estará porvir?
Sentado, abraçado às minhas pernas,  como uma criança perdida,  me agarro ao silêncio na esperança de que o tempo resolva tudo.
Mas a cada dia que passa,  isso parece mais um cliché de auto ajuda pra tentar mudar o foco do sofrimento.
Nem silêncio, nem gritos, nem tempo.
Tudo se resume a uma aspirina que ameniza essa dor de cabeça, mas não cura a enxaqueca crônica de uma mente lotada de pensamentos confusos e desconexos.
Infelizmente, o google maps não mostra a rota para o fim de toda essa agonia.
E eu só continuo em frente, sem esperança e sem respostas para todas as minhas perguntas que insistem em me acompanhar em todo lugar que estou.


Texto: Reis de Oliveira

Looping

Me encosto na parede do banheiro para chorar em silêncio, mas perco as forças e deslizo até o solo.
A verdade é que eu não sei porque estou chorando.
Ou talvez eu saiba, e esteja ME escondendo da verdade.

Eu sou confusa! Eu sei disso, mas nunca achei que outras pessoas também pensassem isso de mim.

Quando olho para frente, não estou mais no banheiro, estou dentro do ônibus vendo a paisagem e usufruindo do ar em meus cabelos.
Como eu gosto de sentir o vento no rosto... Me acalma!

Por que o vento faz meus olhos encherem d'água?

A menina andando de ônibus com uma bolsa Louis Vuitton? Será verdadeira? Não tem medo de ser roubada?
O ponto! Quase perco a hora de descer do ônibus! Que cabeça a minha!

No meu celular toca a música que diz:
"Y No, y no tolero una infidelidad absurda,
Sinónimo de traición
No no, no no ya mataste con
tu verbo defectivo
Aquella historia que
alguna vez aquí existió
Ya este amor”
Por que eu ainda ouço músicas com letras do gênero?

Chego na entrada do condomínio e o porteiro me avisa que tem uma caixa para mim. “A bota!” Penso, com sorriso no rosto. Começo a caminhar com passos largos na ansiedade de abrir a caixa.

“Ai meus Deuses! Uma aranha marrom enorme no corredor do segundo andar! Preciso tirar uma foto como prova, mas não consigo chegar perto, só mais passo, mais um, só mais um. Não dá mais. Já sei! O zoom! Não ficou boa, preciso mesmo de outro celular!

Subo até o quarto andar, meu andar, entro e deixo a caixa na sala, tiro a roupa e sento na cozinha para fumar.

Eita! Esqueci de abrir a caixa! Será que aquela aranha conseguiria me seguir? Não deve ser possível! A bota! A bota!
Abro a caixa com uma faca de cozinha mesmo. Aonde será que eu deixei meu estilete? QUE LINDA! Calço a bota e tiro uma foto para já avisar à minha amiga que já chegou, óbvio que ela irá pedir uma foto!

Ela parece meio torta, será que é porque minha perna é fina? Esquece isso! Esquece! Quando eu calçar com uma calça adequada, ficará perfeita!

Salem veio pedir carinho. Ele estava tão sedento que baba em minha mão. Sinto que ele é o único que me entende.
Hora de dormir. Antes, banheiro para escovar os dentes.

Me olho no espelho pensando na vida.
Me encosto na parede do banheiro para chorar em silêncio...



Texto: Bia de Alcântara

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Amor Atrapalhado

Quando eu discordar
Errar o sabor da pizza e te irritar
Quando eu me atrasar
Errando o lugar pra te buscar
Quando fizer tudo ao meu jeito
Tentando ousar pra impressionar
É que me disseram que devia
Deixar o que sinto me guiar.
Quando me zangar
Sem saber dizer por que
Quando eu me perder
Entre o térreo e o quarto andar
Quando eu te acordar
Exausta só pra conversar
É que me disseram pra deixar
O que eu sinto me guiar.
Quando enlouquecer
Sem saber o que dizer
Quando eu te assustar
Por não parar de te encarar
Quando eu me afastar
Sem saber por que
É que me disseram pra expressar
O que sinto por você.
E como irei fazer
Se não sei o que é amar?



Texto: Reis de Oliveira
A3NãoDá® 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Resposta dos Deuses



Eu estava em mais um daqueles dias em que só respirar já é difícil.
E quando os pensamentos ruins estavam tomando conta do meu ser, eu estava dentro do ônibus e pensei: "Cadê o sentido disso tudo?"
No mesmo momento, começou a tocar "You're my sunshine" na voz de Johnny Cash (sim, eu que coloquei no meu mp4, mas eu não ouvia há tempos o álbum variadas, nem sabia as músicas que haviam lá).
Junto com a canção, folhas começaram a cair da árvore, bem aonde eu estava no ônibus (em pé).
Enquanto eu admirava a beleza da natureza, vi que já estava perto do ponto que eu tinha de descer.
Quando me virei para ir em direção a porta, um bebê me olhava rindo. Aquele sorriso que faz qualquer pessoa se derreter.
Desci do ônibus com o pensamento de que foi um aviso dos Deuses.
A Mãe estava me mostrando o sentido da vida que eu buscava. Me mostrando que pequenas coisas nos passam desapercebidas, mas conseguimos enxergar se estivermos com o coração aberto.

Texto: Bia de Alcântara