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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Looping

Me encosto na parede do banheiro para chorar em silêncio, mas perco as forças e deslizo até o solo.
A verdade é que eu não sei porque estou chorando.
Ou talvez eu saiba, e esteja ME escondendo da verdade.

Eu sou confusa! Eu sei disso, mas nunca achei que outras pessoas também pensassem isso de mim.

Quando olho para frente, não estou mais no banheiro, estou dentro do ônibus vendo a paisagem e usufruindo do ar em meus cabelos.
Como eu gosto de sentir o vento no rosto... Me acalma!

Por que o vento faz meus olhos encherem d'água?

A menina andando de ônibus com uma bolsa Louis Vuitton? Será verdadeira? Não tem medo de ser roubada?
O ponto! Quase perco a hora de descer do ônibus! Que cabeça a minha!

No meu celular toca a música que diz:
"Y No, y no tolero una infidelidad absurda,
Sinónimo de traición
No no, no no ya mataste con
tu verbo defectivo
Aquella historia que
alguna vez aquí existió
Ya este amor”
Por que eu ainda ouço músicas com letras do gênero?

Chego na entrada do condomínio e o porteiro me avisa que tem uma caixa para mim. “A bota!” Penso, com sorriso no rosto. Começo a caminhar com passos largos na ansiedade de abrir a caixa.

“Ai meus Deuses! Uma aranha marrom enorme no corredor do segundo andar! Preciso tirar uma foto como prova, mas não consigo chegar perto, só mais passo, mais um, só mais um. Não dá mais. Já sei! O zoom! Não ficou boa, preciso mesmo de outro celular!

Subo até o quarto andar, meu andar, entro e deixo a caixa na sala, tiro a roupa e sento na cozinha para fumar.

Eita! Esqueci de abrir a caixa! Será que aquela aranha conseguiria me seguir? Não deve ser possível! A bota! A bota!
Abro a caixa com uma faca de cozinha mesmo. Aonde será que eu deixei meu estilete? QUE LINDA! Calço a bota e tiro uma foto para já avisar à minha amiga que já chegou, óbvio que ela irá pedir uma foto!

Ela parece meio torta, será que é porque minha perna é fina? Esquece isso! Esquece! Quando eu calçar com uma calça adequada, ficará perfeita!

Salem veio pedir carinho. Ele estava tão sedento que baba em minha mão. Sinto que ele é o único que me entende.
Hora de dormir. Antes, banheiro para escovar os dentes.

Me olho no espelho pensando na vida.
Me encosto na parede do banheiro para chorar em silêncio...



Texto: Bia de Alcântara

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